O zoroastrismo surgiu na Pérsia e tinha a crença dualista da existência de duas divindades, uma do bem e outra do mal. Zaratustra ou Zoroastro como era conhecido pelos gregos, foi um profeta e poeta que nasceu na Pérsia no século VII a.C. Segundo a crença ele teria recebido uma revelação divina e, depois de viver algum tempo isolado fundou uma religião monoteísta baseada na filosofia e na ética. O livro sagrado admite a existência de duas divindades opostas, o bem é representado por (Aúra-Masda) e o mal (Arimã). Na escatologia, no final o poder do bem vence o mal.
O filosofo grego Platão que viveu no século V a.C. dividiu o mundo em duas esferas, a inteligível e a sensível. Essa divisão ficou conhecida como dualismo platônico. O mundo inteligível seria o mundo superior, da sabedoria e do conhecimento. O mundo sensível é o que relacionamos através dos sentidos, o material e das aparências. Para ele o mundo sensível não permite que possamos contemplar a perfeição do mundo inteligível. Entre os debates que foram feitos sobre o dualismo estão à ideia de seres humanos finitos e um Deus infinito ou entre essência e existência. A dicotomia entre o mundo real e o ideal, que leva o conflito entre corpo e mente, numa constante oposição.
A cultura persa e o zoroastrismo influenciaram a cultura grega, que consequentemente influenciou o ocidente e o cristianismo. O dualismo não se restringiu apenas ao campo religioso, mas influenciou a filosofia e outras áreas do conhecimento, impactando o mundo ocidental. Jesus anunciou a chegada de um mundo vindouro, seus ensinamentos foram sobre como se portar no mundo que conhecemos na esperança de uma nova vida numa outra existência. Além da crença de Jesus como Cristo, o cristianismo se formulou como uma religião que sofreu diversos tipos de influências. A visão dualista presente desde os primórdios do cristianismo levou a crença de que este mundo não tem nada para nos oferecer. No evangelho de João, Jesus ora ao Pai para que não tire seus discípulos do mundo, mas para que os livrasse do príncipe deste mundo (Jo 17:15). Seu pedido era para que os discípulos não se corrompessem com valores que não expressassem os princípios do reino de Deus, porém, com uma visão dualista o sistema religioso durante séculos ensinou que viver os prazeres deste mundo era pecado e, que o cristão deveria desprezar as coisas desta vida, um bom exemplo disto é que durante muito tempo uma pessoa que se alegrasse ao dançar estava vivendo na carnalidade. Deus criou este mundo e com ele todas as coisas, João disse que: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Deus não amou só o homem, mas todas as coisas da criação, esta vida não pode ser negligenciada e nem desprezada.
Talvez o maior problema da influência do dualismo na religião esteja no fato de que, em algumas denominações religiosas o Diabo assuma uma posição de rivalizar com Deus, a ponto de ser o responsável por todas as ações ruins de uma pessoa. Embora a Bíblia aponte para uma luta do bem contra o mal, sendo este conflito responsável pela queda do homem, uma visão dualista pode fazer com que o homem se sinta isento da responsabilidade de suas decisões. Devemos entender que o mal não foi criado por Deus, mas é a consequência do afastamento de sua presença. Todas as nossas ações geram consequências que vão impactar em nossa vida e na de outras pessoas. Fazer o bem revela a presença da natureza do Deus criador em nós, porém, quando desejamos e fazemos o mal afastamos de uma luz divina e nos aproximamos do abismo e da escuridão.
Márcio J. Fostino.
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